terça-feira, 26 de outubro de 2010



O começo


Começo pedindo desculpas às pessoas que me cobram notícias da minha vida fora do Brasil. Como já conversei com alguns, o primeiro mês aqui foi de adaptação, resolução de documentos, moradia, computador, etc., daí minha demora pra voltar aqui. Mas vamos lá...
Como muitos já sabem, estou vivendo em Madrid, capital da Espanha, país membro da união europeia que, assim como outros países da região (e do mundo), vive dias de crise econômica, o que particularmente para mim enquanto estudante de jornalismo e estrangeiro, está sendo ótimo. Tanto profissionalmente, pelo momento histórico que o país vive (tive o privilégio de presenciar uma greve geral fomentada por trabalhadores em busca de melhores condições de trabalho), e financeiramente, por poder viver em um país europeu por valores relativamente mais baratos do que os custos de vida no Brasil.
Sobre viver no velho mundo, a experiência está sendo incrível. Tá, tem uma hipérbole aqui e eu não sei se incrível é a palavra certa pra definir este novo mundo que passa pelos meus olhos diariamente, mas, por agora, incrível é a que usarei. Não por ser tudo perfeito, até porque esse conceito romântico nunca existiu, mas por estar em um lugar onde, dentre tantas outras coisas, eu posso ir e vir, por onde e quando quiser, sem me preocupar em ser roubado, por exemplo.
Moro a 40 minutos a pé da Universidad Rey Juan Carlos, em um apartamento de três quartos, um banheiro, uma cozinha e uma sala. Eu, mais cinco jovens da minha faixa etária e duas crianças, todos brasileiros. E isso é bom e ruim. Bom pela adaptação à cidade que foi mais fácil e ruim no que diz respeito à prática do idioma. Se bem que estudando, ouvindo, lendo e assistindo espanhol todo dia, talvez seja bom manter um pé na língua materna.
Na faculdade, eu e o amigo que veio comigo da UFBA somos conhecidos como "os brasileiros" e, de certa forma, nos beneficiamos da boa reputação que o governo do senhor Luis Inácio parece ter por todo o mundo. Até onde estudamos, o europeu não tem fama de povo receptivo a estrangeiros, mas aqui ainda não senti diferenças de tratamento por ser de outro país. Até pelo contrário, me parece que cada vez mais as pessoas querem conhecer e saber mais sobre o Brasil.
Faço três matérias na faculdade, mais o curso de espanhol para estrangeiros, somando quatro disciplinas. A experiência nesse quesito também está sendo muito boa. A UFBA tem um cunho mais reflexivo, enquanto que aqui, até pela grade de disciplinas que eu escolhi, a prática profissional é mais intensa. Acho, também, que por ter acabado de sair de um jornal posso aproveitar melhor, já com algum conhecimento de causa, o que estudo por aqui. As aulas são boas, os professores, também. Claro, tudo dentro do respeito às diferenças culturais de cada país (aulas ditadas e coleguinhas de cabeça baixa copiando até o peido dos professores) e seus modos de fazer as coisas. Sobre esse quesito, o espanhol é um povo latino assim como nós brasileiros e, talvez por isso, as diferenças, pelo menos em Madrid, não são gritantes no quesito cultural.

Por falar nela, Madrid é uma cidade encantadora. Madrid não dorme, tem festas de segunda a segunda, muitas de graça, outras de graça e com bebida grátis até determinada hora e outras pagas, nas casas mais renomadas, digamos assim. Além disso, a cidade é repleta de parques, museus, teatros, cinemas, muitos gratuitos e todos muito bem cuidados. E aqui mora um problema: há o risco do pobre intercambista surtar e viver em festa de segunda a segunda, como muitos colegas europeus fazem. Eles, só eles, mãe.
Devo fazer uma ressalva para o sistema de transporte madrilenho, considerado como um dos melhores do globo. Ônibus, trens e metrôs muito bem interligados e não há uma rua, um beco sequer que não tenha como se chegar com um dos três tipos de transportes públicos disponíveis. E não se vai em pé ou apertado (heim, baianos?), além do tempo de espera que chega a, no máximo, “absurdos” 7 minutos, e somente durante as madrugadas. Sete minutos não era nem o que eu demorava pra chegar no ponto de ônibus da minha rua, em Salvador. Sem falar nos milhares de minutos esperando o transporte que geralmente não parava no ponto... enfim, voltando...
Sobre mim, eu poderia começar a filosofar sobre a importância de um intercâmbio na vida do ser, no quanto isso aqui poderá somar na minha vida, no meu futuro profissional e etcéteras, mas, ando tão fascinado com a infinidade de dúvidas, questionamentos, incertezas e descobertas que ando vivendo por aqui que, se vocês me permitirem, deixarei as viagens mais profundas para aos poucos.
Um abraço e até a próxima. Prometo que será próxima.
*Fotos feitas por mim na Plaza de Toros e no Parque del Retiro, respectivamente. O próximo passo está sendo o de edição de fotos. O lightroom já anda a todo o vapor e já já mais fotos estarão no ar, também.



Um comentário:

Daiana disse...

Viajei para Madrid agora!Incrível é esse poder de nos levar contigo. Meio que ver através dos seus olhos.
Sensação gostosa!
Gostei de tudo mas a parte que mais emociona é o segundo paragráfo.Tomara que a gente tenha esse privilégio aqui algum dia.

Ávida por mais!


P.s:
1- Muito chique esse menino!!!!!!
2- As fotos estão lindas!!!!