Não é de hoje que o medo por conta da insegurança rondas as nossas cidades. A coisa já está tão incorporada na sociedade que esse Bla-Bla-Bla é mais clichê do que Brasil ganhar da Argentina.
Pois bem, a história que será aqui retratada aconteceu ontem com o blogueiro que vos fala.
Eu estava em um ônibus da capital baiana voltando para casa quando um cidadão que preconceituosamente julguei como suspeito (modo de se vestir, olhares, etc.) entrou e sentou no banco detrás do que eu estava.
Aqui um parênteses precisa ser aberto. Nos últimos três dias Salvador vem sofrendo uma onda de ataques de bandidos (ônibus incendiados, postos policiais metralhados, mortos e feridos) em represália à transferência de um dos chefões do tráfico para uma prissão federal no Mato Grosso do Sul.
Então, voltando ao relato, depois de descer do ônibus, olhei para trás para atravessar a pista e quem estava atrás de mim? Sim, o homem do qual suspeitei. Não tive dúvida, ele estava me seguindo.
Depois de percebê-lo, tentei manter a calma (tentei) e me afastei às pressas do sujeito (meliante?). Consegui atravessar a pista e um carro que passara impediu o meu perseguidor de vir atrás de mim. A única coisa que deu tempo foi ouvir os seus gritos: - “Tá com medo, desgraça?!”
Respirei fundo...
- Se eu estou com medo? Mas é claro que eu estou com medo, estou apavorado! Eu vivo em uma cidade que somente de janeiro a julho deste ano teve mais de 1.300 assaltos a ônibus, um mundo onde tenho de andar o tempo todo em alerta constante, olhando para os lados e rezando para não encontrar a tal da “bala perdida” em um país que mata mais de 100 pessoas por arma de fogo diariamente, seja ela de uma das polícias que mais matam no mundo ou da grande quantidade de vagabundos. Como você, meu caro, que quer levar o pouco dinheiro que tenho, ou o meu celular comprado em prestações, minha mochila, minhas coisas, compradas com o meu dinheiro, do meu trabalho. Sem falar da minha vida, que eu não sei se você pretende roubar, também. E o senhor, caríssimo ladrão/ assaltante/ vagabundo/ menos favorecido/ excluído socialmente, ainda me pergunta se eu estou com medo? Não, eu não estou com medo, o medo já faz parte de mim. E de milhões de brasileiros que precisam se arriscar por estas selvas todos os dias.
Esta seria a resposta que o safado que me perseguiu iria ouvir se eu não tivesse os meus porquês de ter medo.
8 comentários:
Adorei o texto!
É sucinto e claro.Achei q faltou algo pra dar ao leitor um tempo pra respirar. Primeiro digo que, como você e milhares de cidadãos, tb vivo com medo. Tb uso dos pré-conceitos pra me esquivar de situações perigosas.E, tb, não daria uma resposta a ele senão correr.
Sucesso!
Gostei do post, colega! E, sinceramente, partilho dos mesmos sentimentos que você: medo e indignação. Pois, a verdade é que, assim como muitas pessoas, eu não consigo mais me sentir segura nessa porra de cidade. Me tornei uma paranóica, com medo até da própria sombra!
;)
Muito boom!!
Suuper engraçado!!
Parabéns, Egii!!
KKKKKKKKKKK
CARACA REY
CONCERTEZA PARCEIRO INFELIZMENTE
ESSA EH A NOSSA REALIDADE AGORA!!
ELES TAO QUERENDO FAZER DAKE UM RIO DE JANEIRO 2
MT MASSA SEU TEXTO REY!
Pois é Egis, eu realmente virei uma pessoa medrosa, mais medrosa do que o normal. E olha que eu moro em uma cidade de certa forma segura. Mas eu morro de medo. E se fosse eu nessa situação eu tinha saído correndo gritando!!
Nossa!!!!!!! Muito bom!!
Fantástico o feeling de trazer da experiência, eu diria, a poesia.
Muito bom. Que emoção.
Orgulho, orgulho, orgulho!!!!!!
Muito bom man
Ja aconteceu algo parecido comigo e ja ouvi o mesmo q vc,nem pra trás eu olhei.
A gente ri qdo lê isso,mas dps que pensamos no risco que corremos.
Infelizmente temos q ficar "ligado" em tudo.
Abraço!!
"ta com medo desgraça"
ri muito! kkk
chorei litros
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