domingo, 20 de março de 2011

Reflexão de um brasileiro no exterior sobre Obama no Brasil

Além do fato de que os ministros da presidente Rousseff tiveram de ser revistados, em seu próprio país, para chegarem perto do presidente Barack Obama, a visita do astro pop ao Brasil me chamou a atenção também por outros pontos, considerando a perspectiva de um intercambista brasileiro vivendo na Europa.

Em todos os discursos que pude assistir, inclusive na repercussão que o encontro teve por terras europeias, me pareceu que os vizinhos ricos estão, de fato, começando a se preocupar com os números crescentes do ex primo pobre (mas ainda repleto de desigualdades, que se frise). Dentre as promessas feitas pelo senhor Barack, tratados comerciais, econômicos e de ajuda na organização das Olimpíadas e Copa do Mundo estiveram na agenda. Mas o que me intrigou, dentre suas falas, foi o fato do presidente anunciar que "é hora de os Estados Unidos levarem a serio o diálogo com o Brasil".

Por quê? Não só na América, como aqui na Europa, o Brasil tem sido visto, notado. Não diria com bons olhos porque nós sabemos que quando alguém cresce, os que já são grandes estão na moita, tentando acompanhar de modo que o novo emergente não cresça tanto e tão rápido. Um exemplo disso é a tentativa antiga do Brasil de ser um membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, no qual Obama se limitou a declarar que tem “apreço” pela vontade daquele que seria o único representante da América Latina em um conselho tão importante como o em questão.

O Brasil está crescendo e o mundo está de olho. Seja para se estabelecerem na guerra entre possíveis parceiros comerciais, vide exemplo da briga travada principalmente entre EUA e França para vender caças à Aeronáutica brasileira (negócio estimado em mais de 10 bilhões de dólares), seja para evitar que o Brasil saia da condição de exportador de bens primários, aqueles mais baratos e que não são protegidos pelos subsídios norte americanos, por exemplo, e passe a exportar tecnologias e serviços, que é o que Obama, cheio de falatórios em bons discursos, a meu ver, veio tentar, segurar as pontas. Talvez para a nossa sorte, me pareceu que a presidente Dilma tem pouco de ingênua e já deixou claro ao vizinho: O país quer crescer.

Outra coisa que me deixou, digamos abismado, foi no discurso de Obama para empresários na Confederação Nacional das Indústrias, em Brasília, quando, na saída do presidente, as centenas de empresários da alta burguesia tupiniquim sacaram seus iphones quatro (muito provavelmente comprados em Miami) e começaram a tirar fotos e a se espremerem para tocar, apertar a mão ou somente, quem sabe, sentir o perfume do artista, ídolo, ou sei lá quem eles pensavam que ali estava.

É aquela coisa, a gente até cresce, mas o cheiro de província parece tardar mais um pouco.

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