segunda-feira, 3 de março de 2008

SUBÚRBIOS E subúrbios

De acordo com os dicionários, subúrbio pode ser definido como uma localidade próxima de uma cidade e que depende desta. Na etimologia da palavra, subúrbio - do inglês suburb - é classificado como uma “sub-cidade”. Não sendo atribuídas aí questões econômicas ou sociais.
Em países desenvolvidos, a exemplo dos Estados Unidos e França, onde as áreas urbanas possuem divisões perceptíveis, essa terminologia pode ser considerada em sua totalidade. Contudo, no restante das nações, a palavra subúrbio geralmente é associada à periferia, visto que nesses países, definir áreas que se situam aos arredores de uma cidade é praticamente impossível.

Com relação às questões econômicas e sociais, outra distinção deve ser feita com relação aos países do primeiro mundo. Enquanto na Inglaterra, por exemplo, percebemos uma região urbanizada em que as assistências do poder público são efetivas, no Brasil, essa situação não é nada semelhante. Aqui o subúrbio, em sua grande maioria, é marcado pela ineficácia ou inexistência dos serviços públicos, o que consequentemente, acarreta problemas como a pobreza, violência, falta de saúde, saneamento, entre outros. As populações dessas áreas, com isso, acabam recebendo tacitamente o posto de “sobreviventes” dentro do nosso país.
Em Salvador, mais precisamente, a realidade do subúrbio não foge dessa conjuntura. Aqui, cerca de 600 mil pessoas vive na região compreendida como suburbana.
Abrangendo cerca de 22 bairros entre a Calçada e Paripe, o subúrbio ferroviário como é chamado, no início de sua história era formado por várias fazendas,que hoje levam os nomes de bairros como Coutos, Paripe, Periperi e Lobato. Nessa época – imprecisamente os anos de 1600 - os ricos detentores dessas terras se privilegiavam pelas suas moradas e pela beleza que, até os dias de hoje, permanece viva no subúrbio de Salvador.
Após a época das fazendas, o litoral suburbano se estendeu e muitas pessoas começaram a povoar a região em busca de um ambiente tranqüilo de veraneio. Nesse tempo, muitas famílias de classe alta passavam seus verões no litoral suburbano.
Após esse período, o subúrbio passou a ser habitado basicamente por famílias de pescadores, dividido em vários lugarejos. Isso se deu praticamente até os anos de 1970. A partir daí, e com o surgimento de indústrias na região, a população cresceu, formada particularmente por pessoas das classes mais baixas que viam distante do grande centro, uma oportunidade de moradias com um custo mais aquisitivo.



Esse fenômeno do crescimento populacional, conforme o decorrer dos anos, levou o subúrbio aos problemas já aqui citados como características desse tipo de região nos países sub-desenvolvidos , ou seja, a precariedade do poder público.
Uma segunda tentativa de reflexão se faz necessária além das questões conceituais: o que é possível fazer para além das teorias que falam sobre os necessitados desse país? Acredito estar à difícil resposta no particular de cada um. Reflitamos.
“Sub-cidades” de “subempregos”, com uma “sub-assistência” de “sub-políticos”, é assim, a meu ver, que se resume o nosso subúrbio ferroviário, e os subúrbios e periferias do nosso Brasil como um todo.

Egideilson Santana


Fotos tiradas por mim numa pesquisa de campo feita no subúrbio de Salvador. Depois de levantados os dados entre os moradores da região, uma informação me chocou: uma das crianças, moradora de um desses barracos aqui mostrados, sem estrutura alguma para se viver dignamente, muitas vezes até sem comida, tinha o costume de, quando na escola, fazer um único tipo de desenho. Ela desenhava uma casa. Confesso que me vi repensando alguns dos meus conceitos.

Um forte abraço e até a próxima.

3 comentários:

Anônimo disse...

Dizer que adorou a forma como você tratou o assunto, e que vc sempre se supera num vale né?!
Você sabe minha posição, completamente desesperançosa, sobre a resolução dos problemas desse país né... Já pensei que a educação seria o melhor caminho mas percebi que ela sozinha não mudaria quase nada, ou nada(existem aqueles que preferem se manter na ignorâcia não-intelectual). Eu sinceramente, humildemente não sei....
Se perceber minoria e ver as coisas como elas são, entender e aceitar que o outro não consegue o mesmo é muito dificil pra mim. Assim como usando do meu lado ingênuo e por que não romântico ao não acreditar que uma pessoa pode roubar milhões de reais enquanto vê milhões de pessoas morrendo por não ter nem um centavo...
Sou recentida com o mundo, com o capitalismo e com o ser humano e suas imperfeições.
Desabafo total.

Elogio e meu dia-a-dia na Escola A Chave do Saber disse...

www.vivendoafelicidade.blogspot.com
é meu blog pessoal, egi, publica meublog ae, que eu publico o seu blog no meu...
vlw,primo, flw....
até mais....

Associação Comunitária Sara Kertesz disse...

Parabéns pelo seu blog e disso que o subúrbio precisa midias (jornais) independentes capazes de apresentarem nosso problemas e ilemas sem máscaras.Visite nossos blog também - coloca o nosso na sua página que colocamos o nosso no seu

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